sexta-feira, 29 de maio de 2009

TECENDO A MANHÃ

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
2.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.



Pessoas, hoje postei esse poema de João Cabral de Melo Neto - idéia de Dona Regina -para falar sobre uma questão de suma importância para cultura de Niterói.
Não sei se muitos sabem, mas parece que o Prefeito Jorge vetou a Lei de Incentivo a Cultura de nossa cidade e é nesse momento que precisamos nos mobilizar para que as negociações do Vereador André Diniz junto ao governo dêem certo e que o prefeito mude de idéia.
A continuidade da brilhante história da cultura de nossa cidade depende dessa lei.
Para ler o projeto que deu inicio ao debate no governo sobre o tema acesse www.andrediniz.com.br

LULA POR ALI...


O presidente Lula esteve na favela de Manguinhos hoje inaugurando obras do PAC, acompanhado do Governador Sergio Cabral e do Vice Pezão além da pré candidata Dilma Russef, mais uma vez ele deu um show de carisma e liderança. Mais de mil populares estavam presentes na inauguração e gritaram pedindo que o Lula ficasse - "fica, fica, fica" - em seu discurso falou que não estava fazendo campanha e sim que as pessoas que lá estavam é que manifestaram gritando um nome... Nesse momento o povo gritou " Dilma, Dilma, Dilma"... Foi lindo...

Aqueles que acreditam no senhor digam amém... Amém senhor!!!
Que assim seja.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Perderam o Interesse...

Ontem, por um acaso do destino estava em casa no horário do jornal da globo e ouvi uma reportagem falando do casal que desistiu de adotar uma criança.
Não entendo como uma pessoa adota uma criança de oito anos convive com ela durante oito meses, dá outro nome a menina e depois desistem alegando falta de interesse... O que é isso um produto que vc desiste da compra?
Penso que todas as pessoas da classe do casal passam por dificuldades financeiras, mas não acredito que justifique a devolução da criança, até mesmo porque não há justificativa para isso.
O casal solicitou a adoção apos trabalhar voluntariamente por seis meses num abrigo para menores, a homologação provisória foi dada um dia depois da solicitação. O Ministério Público disse que a criança expressou “muita alegria” em viver com a aquela família e que não existe motivos aparentes para a devolução da criança. O MP diz ainda que a família passou por acompanhamentos psicológico e os relatórios indicavam que a criança estava completamente adaptada.
O MP está processando o casal e pede uma indenização de cem salários mínimos além de uma pensão de 15% do salário do casal para que a criança possa arcar com tratamento psicológico.
Na minha opinião eles deveriam pagar muito mais por fazer uma criança de 8 anos se sentir rejeitada e confusa.
Acredito também que o judiciário deve pensar melhor na questão da devolução de crianças adotadas, não qual seria o procedimento mais adequado a se adotar, mas não pode virar normal a devolução de crianças.
A FALÊNCIA DO PRAZER E DO AMOR - Fernando Pessoa
(extractos)
I
Beber a vida num trago, e nesse trago
Tôdas as sensações que a vida dá
Em tôdas as suas formas [...]
............................................................

Dantes eu queria
Embeber-me nas árvores, nas flôres,
Sonhar nas rochas, mares, solidões.
Hoje não, fujo dessa idéia louca:
Tudo o que me aproxima do mistério
Confrange-me de horror. Quero hoje apenas
Sensações, muitas, muitas sensações,
De tudo, de todos neste mundo - humanas,
Não outras de delírios panteístas
Mas sim perpétuos choques de prazer
Mudando sempre,
Guardando forte a personalidade
Para sintetizá-las num sentir.
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Quero
Quero afogar em bulício, em luz, em vozes,
- Tumultuárias [cousas] usuais -
O sentimento da desolação
Que me enche e me avassala.
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Folgaria
De encher num dia, [...] num trago,
A medida dos vícios, inda mesmo
Que fôsse condenado eternamente -
Loucura! - ao tal inferno,
A um inferno real.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

TOMAMOS A VILA DEPOIS DE UM INTENSO BOMBARDEIO.

A criança loura
Jaz no meio da rua.
Tem as tripas de fora
E por uma corda suaUm comboio que ignora.
A cara está um feixe
De sangue e de nada.
Luz um pequeno peixe
- Dos que bóiam nas banheiras -
À beira da estrada.
Cai sobre a estrada o escuro.
Longe, ainda uma luz doura
A criação do futuro...
E o da criança loura?