segunda-feira, 8 de junho de 2009

A RUA - João do Rio

Posto hoje trecho de A Alma encantadora das ruas de João do Rio, pois comecei a ler durante esse fim de semana enquanto estava acamada. Que ironia, não... Essas são as primeiras frases... Apreciem...
"Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria
revelado por mim se não julgasse, e razões não tivesse para julgar, que este
amor assim absoluto e assim exagerado é partilhado por todos vós. Nós
somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades, nas
aldeias, nos povoados, não porque soframos, com a dor e os desprazeres, a
lei e a polícia, mas porque nos une, nivela e agremia o amor da rua. É este
mesmo o sentimento imperturbável e indissolúvel, o único que, como a
própria vida, resiste às idades e às épocas. Tudo se transforma, tudo varia
— o amor, o ódio, o egoísmo. Hoje é mais amargo o riso, mais dolorosa a
ironia, Os séculos passam, deslizam, levando as coisas fúteis e os
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acontecimentos notáveis. Só persiste e fica, legado das gerações cada vez
maior, o amor da rua.
A rua! Que é a rua? Um cançonetista de Montmartre fá-la dizer:

Je suís la rue, femme êternellement verte,
Je n’ai jamais trouvé d’autre carrière ouverte
Sinon d’être la rue, et, de tout temps, depuis
Que ce pénible monde est monde, je la suis..."

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